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Atenção à Itália


Por Jorge Fonseca de Almeida - Membro da Ordem dos Economistas nº 1083


Depois da queda do Governo, que nem a intervenção do Presidente da República conseguiu evitar, a Itália avança para eleições no final de setembro.


Este desenlace político surge na sequência da profunda crise económica em que a Itália está mergulhada e que assume, também, a forma de uma crise da dívida pública - que atinge proporções gigantescas, situando-se em torno dos 150% do PIB.


As condições aí estão para uma nova crise do Euro. Uma crise mais profunda uma vez que a Itália é a terceira maior economia da União Europeia, logo atrás da Alemanha e da França.

Fortemente atingida primeiro pela crise causada pela errada política de combate ao Covid-19 seguida pela União Europeia e, agora, pelo efeito das sanções decretadas pela União Europeia contra a Rússia, a economia italiana está sobre forte pressão.


A sua dívida pública perdeu mercado, quer interno quer externo, e os acréscimos de dívida de 2020 e 2021 foram inteiramente financiados pelo Banco Central Europeu. A pura impressão de euros para comprar a nova dívida italiana. Uma solução causadora de inflação em toda a zona euro.


Mas a redução destes apoios tem levado a um aumento das taxas de juro da dívida pública italiana que se situa já acima dos 3,5% e com um diferencial para as taxas da dívida alemã em redor dos 2%. Como comparação referira-se que as taxas da dívida portuguesas se situam pouco acima dos 2%.


Para evitar esta nova fragmentação das taxas da dívida pública europeia, o banco Central Europeu (BCE) aprovou recentemente um instrumento de proteção. Mas, este só pode ser despoletado se os países que dele necessitem cumprirem um conjunto de condições de ainda maior liberalização de mercados e de regras orçamentais mais estritas. Estará a Itália disponível para cumprir essas regras ou preferirá sair do Euro? Essa é a questão das próximas eleições italianas.


Recorde-se que estas imposições de austeridade são recessivas, isto é provocam uma recessão, pelo que num momento em que a Itália está em vias de entrar em recessão a austeridade adicional imposta pelo BCE pode levar a Itália a uma convulsão social assustadora. Daí a necessidade de eleições antecipadas preventivas, como as que Costa promoveu em Portugal.


E Portugal? Portugal também vai necessitar de se submeter à receita de austeridade dos critérios do instrumento de "proteção". Enquanto pertencermos à zona Euro este tipo de crise será cíclico em Portugal. Um ciclo infernal que não deixa o país crescer e que mantém milhões de portugueses na pobreza.


Uma nova crise do Euro está aí. Tal como na anterior as atenções se concentraram na Grécia, desta vez, estarão viradas para a Itália. A procissão já está no adro.



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