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Divisão Internacional do Trabalho e o caso da Venezuela


Por Renato Leonel Santos de Andrade - Membro da Ordem dos Economistas nº 10660


O tema da Divisão Internacional do Trabalho (DIT) na Venezuela é um tema importante em qualquer curso de economia, pois é uma situação que países de américa latina gostavam de ver alterada. As políticas de "substituição de importações" nunca foram eficazes (Chenery, et al, 1961).

 

Originalmente, acredito também ter sido o caso de países africanos, a relação da DIT era do tipo "Colónia-Metrópole", onde as colónias de hispano américa mandavam matérias-primas para Espanha, que a sua vez mandavam produtos acabados para as colónias.

 

A seguir a relação se transformou para "Industrial-Agrário", ou também países "Desenvolvidos-Subdesenvolvidos", em que a relação de co dependência se manteve, só que os atores mudaram um bocado, pois américa latina passou a trocar o seu parceiro principal, sendo que Espanha sai do mapa e USA passa a ocupar esse lugar. América latina chega a ser denominada o "BackYard" de USA.

 

Hoje temos uma relação algo mais complexa, pois começa a ser uma relação entre 3 elementos, sendo que Venezuela continua na mesma posição de fornecedor de matérias-primas. A relação mudou para "Periferia-Emergente-Centro", onde a periferia é o produtor de recursos do sector primário, e os centros ou antigas metrópoles delegam parte da produção dos bens acabados para países que podem ser denominados como emergentes. Estos países emergentes vendem bens acabados para os centros e periferias, recebendo matérias primas das periferias e investimentos e tecnologias dos centros.

 

Tradicionalmente Venezuela só se dedicou a produtos do sector primário, inicialmente do tipo agrário, mas depois com a descoberta das maiores reservas de petróleo debaixo da terra do mundo, houve um fenómeno de abandono dos campos para se dedicar principalmente à extração do "ouro negro", alterando a demografia radicalmente e concentrando a população nas áreas urbanas.

 

Até o dia de hoje a economia da Venezuela é dependente quase exclusivamente do petróleo, situação que nunca mudou, nem sequer com o nacionalismo exacerbado dos governos Chavistas. Qualquer produção interna nunca conseguiu competir nem em qualidade nem em preços com os produtos estrangeiros, só sobrevivendo mediante medidas conjunturais de governos que tentam promover o nacionalismo sem sucesso.

 

"O petróleo domina a economia da Venezuela e representa praticamente a totalidade de suas receitas de exportação" (Goodman, 2019)

 

Desde o ponto de vista conceitual, a DIT em américa latina pode-se ver como um fator que promove globalização, mas na prática tem gerado diferenças económicas graves entre os atores.

 

Referências bibliográficas:

CHENERY, H.; Arrow, K. J.; B.,Minhas, B.S. (1961) --"Capital-Labor Substitution and Economic Efficiency ",Review of Economics Stastistics, eSolow,R.M , 63,pág 225-250,Aug, 1961

GOODMAN, Jack (2019) - "Quais países compram o petróleo da Venezuela?", acedida em 26 de Fevereiro de 2019, no website: https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2019/02/quais-paises-compram-o-petroleo-da-venezuela.html 


SELSER, Gregorio (1993) - "La inserci6n de America Latina en la division internacional del trabajo", Sequencia.

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